Saúde Mental no Trabalho: Revelações do Congresso Brasileiro de Psiquiatria Ocupacional

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Em nossa recente participação no Congresso Brasileiro de Psiquiatria Ocupacional e Saúde Mental Ocupacional em São Paulo, tivemos a oportunidade de mergulhar em um universo de conhecimentos e reflexões importantes. Acompanhados pela expertise de nossa consultora Isabela Guerra, fomos além de meros espectadores, absorvendo uma série de insights transformadores. Este evento nos desafiou a olhar além do convencional, proporcionando-nos uma nova perspectiva sobre como os princípios da saúde mental se integram e revitalizam o ambiente de trabalho.

Principais temas abordados

Pandemia e Saúde Mental:

Com frequência, a pandemia é apontada como principal evento impulsionador do aumento da incidência de problemas relacionados à saúde mental que a sociedade enfrenta atualmente. No entanto, a pandemia apenas colocou uma lupa sobre o problema relacionado ao tema. Por outro lado, essa problemática já havia sido sinalizada antes de 2020 pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Ou seja, antes mesmo dos desafios impostos pela pandemia, a OMS alertava que a depressão seria a principal causa de afastamento dentro das empresas.

Desmistificação do Burnout:

Além disso, no congresso, a desmistificação do termo “burnout” foi aprofundada. É crucial compreender que o burnout vai além de um cansaço comum. Trata-se de uma síndrome caracterizada por exaustão emocional, despersonalização e baixa realização profissional que se origina apenas das questões laborais. Essa compreensão é fundamental para implementar estratégias de prevenção e intervenção eficazes, visando a preservação da saúde mental dos colaboradores.

Assédio no Ambiente de Trabalho:

Da mesma forma, a discussão sobre o assédio no ambiente de trabalho foi um ponto crucial no congresso. A problemática do assédio destaca a importância de criar culturas organizacionais que repudiem qualquer forma de assédio. Reconhecer e abordar o assédio é essencial para manter a integridade psicológica dos colaboradores, promovendo um ambiente de trabalho seguro e respeitoso.

Crise de Opioides no Ambiente Organizacional:

Outro tema discutido foi a crise de opioides no ambiente de trabalho, uma resposta preocupante à busca incessante por produtividade. As pressões relacionadas a prazos apertados podem levar a uma pressão insustentável, levando alguns profissionais a recorrer ao uso de opioides para lidar com o estresse. Abordar essa problemática requer uma abordagem multifacetada, envolvendo conscientização, apoio psicológico e políticas de saúde mental no local de trabalho.

Trabalho como Proteção e Não Só Adoecimento:

As pesquisas apresentadas também destacaram a complexidade da relação entre trabalho e saúde mental. Isso porque o trabalho pode ser tanto um fator protetor, proporcionando significado e estrutura, quanto um contribuinte para o adoecimento, especialmente em condições desfavoráveis. Portanto, compreender essas dinâmicas é vital para promover ambientes de trabalho que equilibrem as demandas profissionais com o bem-estar dos colaboradores.

Distinção entre Workaholics e Worklovers:

Qual é a diferença entre Workaholics e Worklovers? No congresso, esse tema ganhou luz: Workaholics são caracterizados por uma obsessão descontrolada pelo trabalho, muitas vezes levando a uma jornada exaustiva e desequilibrada entre vida profissional e pessoal. Em contrapartida, Worklovers encontram satisfação no trabalho, mas mantêm um equilíbrio saudável, estabelecendo limites e valorizando outras áreas de suas vidas. Compreender essas diferenças é crucial para desenvolver estratégias que evitem o burnout e promovam um equilíbrio sustentável.

Gestão Emocional Como Primordial para Saúde Mental:

Além disso, a gestão emocional foi destacada como primordial para a saúde mental. As organizações devem contribuir para que as pessoas desenvolvam suas emoções, promovendo uma cultura que permita a expressão emocional. Emoção e vulnerabilidade não devem ser associadas a fraquezas, e sim à autenticidade. A segurança psicológica desempenha um papel crucial nesse contexto, proporcionando um ambiente onde os colaboradores se sintam seguros para expressar suas emoções e serem vulneráveis sem medo de retaliação. Vale ressaltar, que a palestra que abordou o tema Gestão Emocional e papel da liderança, feita por Carla Tieppo, neurocientista e professora, foi uma das mais aplaudidas pela plateia.

Liderança Humanizada e Consciente:

Por fim, a liderança foi apontada como um fator crítico na promoção da saúde mental. A ênfase na liderança consciente foi destacada como um componente vital. Uma liderança consciente envolve a consciência plena do líder em relação às necessidades e experiências dos colaboradores. Isso inclui a compreensão de que o bem-estar psicológico dos colaboradores não apenas contribui para um ambiente de trabalho saudável, mas também afeta diretamente a produtividade e a eficácia organizacional. Na prática da liderança consciente, os líderes se esforçam para criar uma cultura organizacional que promova a empatia, o respeito e a inclusão. Eles reconhecem a importância de proporcionar segurança psicológica, onde os colaboradores se sintam à vontade para expressar suas preocupações, ideias e emoções sem receio de retaliação. Esse ambiente de confiança e abertura contribui significativamente para o desenvolvimento da saúde mental coletiva.

Recomendação: Leia o livro “A Potência da Liderança Consciente“.

Importância do alinhamento do RH com o tema da Saúde Mental

O papel da área de Recursos Humanos (RH) e da área de Desenvolvimento Humano Organizacional (DHO) emerge como crucial nesse cenário. O RH desempenha um papel vital no alinhamento das práticas organizacionais com as necessidades psicológicas dos colaboradores. Algumas estratégias que o RH pode adotar incluem:

Promoção de programas de desenvolvimento de liderança:

Investir em programas de desenvolvimento de liderança que enfatizem a inteligência emocional, a empatia e a gestão do estresse. Líderes conscientes são fundamentais para criar ambientes de trabalho saudáveis.

Espaços para trocas:

Criar espaços para que os colaboradores compartilhem experiências, aprendam uns com os outros e desenvolvam habilidades interpessoais. Isso pode ser feito por meio de sessões de mentoring, grupos de apoio ou workshops.

Flexibilidade e autonomia:

Promover políticas que permitam flexibilidade no trabalho, reconhecendo as necessidades individuais dos colaboradores. A autonomia na gestão do próprio tempo contribui para a redução do estresse e aumento da satisfação no trabalho.

Avaliação e adaptação constante:

Realizar avaliações regulares do clima organizacional para identificar pontos de tensão e áreas de melhoria. A partir dessas avaliações, adaptar políticas e práticas para atender às necessidades dinâmicas do ambiente de trabalho.

Programas de bem-estar abrangentes:

Implementar programas abrangentes de bem-estar que incluam não apenas aspectos físicos, mas também componentes mentais e emocionais. Isso pode envolver parcerias com profissionais de saúde mental, oferecendo sessões de terapia ou workshops sobre gestão do estresse.

Apoio ao desenvolvimento de ambientes com Segurança Psicológica:

Desenvolver e promover práticas que garantam a segurança psicológica no ambiente de trabalho. Isso envolve a criação de um ambiente onde os colaboradores se sintam à vontade para expressar suas opiniões, buscar apoio e compartilhar suas experiências sem receio de retaliação.

Cultura livre de assédio e canal para denúncias e apoio:

Estabelecer e promover uma cultura organizacional livre de assédio. Isso inclui a criação de canais confidenciais para denúncias e apoio, garantindo que os colaboradores se sintam seguros ao relatar qualquer forma de assédio e que haja processos claros para lidar com essas situações.

O alinhamento efetivo da área responsável pelas pessoas na empresa com as necessidades psicológicas dos colaboradores não apenas fortalece a saúde mental individual, mas também contribui para um ambiente de trabalho mais produtivo, inovador e resiliente. Essas práticas refletem o compromisso da organização com o bem-estar integral de sua equipe, reforçando a ideia de que uma abordagem holística é essencial para o sucesso coletivo.

A empresa como responsável pela saúde mental

É fundamental reconhecer que a empresa não é a única responsável pela saúde mental das pessoas, uma vez que somos seres biopsicossociais e espirituais. No entanto, o trabalho ocupa grande parte de nossas vidas, e as empresas têm a responsabilidade de criar ambientes que promovam não apenas a produtividade, mas também o bem-estar. Ao abraçar essa responsabilidade, as organizações contribuem não apenas para o sucesso de seus colaboradores, mas também para a construção de uma sociedade mais saudável e equilibrada. O investimento na saúde mental vai além dos benefícios individuais, impactando positivamente a cultura organizacional e a comunidade como um todo.

Na maisPS, acreditamos firmemente na contribuição das empresas para a construção de uma sociedade mais saudável, e por isso temos cada vez mais investido em desenvolver programas, materiais e conteúdos que levem em consideração a saúde mental, o papel da liderança para isso, sem deixar de trabalhar com produtividade consciente e eficiente. Juntos, estamos construindo um presente e futuro mais saudável, resiliente e orientado para resultados.

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