Aprendizados da Corrida – Parte I

Por: Marcio Simioni 

(Consultor de Desenvolvimento Humano da PS Treinamento Empresarial)

Há cerca de um ano decidi começar a praticar a corrida de rua, modalidade até então nova para mim.

Para praticar qualquer esporte, algumas características pessoais se fazem necessárias: esforço, determinação, perseverança, etc. E na corrida meus sentimentos e pensamentos sobre e durante o exercício tem me propiciado muitos insights sobre algumas delas. Todas estas percepções possibilitam traçar paralelos com a prática da vida profissional, e, também, com o desenvolvimento pessoal.

Conversando com outros consultores da PS sobre o assunto, achamos interessante compartilhar alguns destes insights com você leitor, desejando que pelo menos um deles inspire mudanças positivas no seu dia-a-dia.

O progresso:

–   Iniciei há exatamente doze meses, caminhando 8Km em velocidade média. Gastava quase duas horas. Aumentei o ritmo gradualmente, até que, passados dois meses, senti confiança para correr alguns trechos pequenos, retornando à caminhada depois. Naturalmente fui aumentando os períodos de corrida, o ritmo e, finalmente, a distância total de corrida. Hoje faço todo o percurso correndo. O resultado até agora é: 11Km em uma hora. Há quatro ou cinco meses troquei o final de tarde pela manhã, e saio para a rua às 6h.

–          No início quando apenas caminhava, os fatores internos (estresse, cansaço, etc), os externos (como clima) e o equipamento não faziam grande diferença no resultado. Na medida em que fui melhorando e aumentando a intensidade das corridas, estes fatores passaram a ser decisivos. Este foi o principal motivo para eu trocar o fim de tarde pelo início da manhã, quando geralmente estou descansado, mais disposto, e tendo que enfrentar temperaturas bem mais amenas.

No início de uma carreira, as coisas costumam ser muito mais fáceis no sentido de responsabilidade, resultados, etc. Trabalha-se muito, mas a pressão é menor. Conforme o profissional vai avançando as responsabilidades aumentam, a pressão por resultados é maior e passa a depender de muitas variáveis, algumas internas (características pessoais, etc) e outras externas (equipe, etc). E quando se chega a um nível elevado em uma organização, estes fatores passam a ditar o ritmo do profissional. Daí a necessidade de atualização constante, e a iminente necessidade de autodesenvolvimento, por exemplo.

–          Se eu perco o controle da velocidade no começo do exercício, acabo tendo que diminuir o ritmo depois e prejudico o tempo final. Isto costumava acontecer com mais frequência quando passei a correr mais que caminhar. Não tinha muito controle do meu ritmo, e isto às vezes me levava a exagerar um pouco no início, o que me obrigava, naturalmente, a ter que diminuir a intensidade depois. O problema destes episódios é que eu não podia diminuir até meu ritmo ótimo ou médio, era obrigado a diminuir muito mais, a fim de recobrar o fôlego para seguir até o final. Hoje isto é bem menos frequente, na verdade até raro, pois consigo controlar meu ritmo em diferentes situações.

Quero sinalizar neste ponto algo que pode ocorrer também em ambiente profissional. Se não controlamos nosso ritmo em relação às distintas circunstâncias que o trabalho exige, por vezes seremos obrigados a recuar, ou até mesmo a voltar ao ponto inicial para replanejar e tentar novamente.

–          Quanto maior é o nível de intensidade alcançado, mais difícil se torna mantê-lo. Caminhar é mais fácil que correr 11Km em 1h. No início das minhas caminhadas se, eventualmente, eu passasse vinte dias sem praticar, quando voltasse o ritmo era o mesmo. Hoje se passo dez dias longe da corrida, quando volto preciso de alguns dias para retornar ao ritmo anterior.

Na vida profissional estamos constantemente em busca de melhores resultados. E, na medida em que avançamos na carreira, a entrega vai gradualmente se tornando mais complexa por depender de muitas variáveis alheias aos nossos anseios. Manter a intensidade depende de um controle muito maior e também de disciplina.

–          Para alcançar o progresso que desejava, além de todo o esforço físico, persistência e determinação, o fator que considero mais importante e decisivo é a PACIÊNCIA. Um ano é bastante tempo, mas ainda assim a diferença entre o que eu fazia inicialmente e o que sou capaz de fazer hoje é imensa.

No trabalho ela pode determinar a diferença entre alcançar melhores resultados ou perder-se em meio a desejos e ansiedades de conseguir tudo rápido, para terminar em uma possível frustração. Muitas coisas simplesmente não são como gostaríamos, ou não acontecem como e no tempo planejado. Exercite a paciência para desfrutar dos resultados inesperados que não aparecem imediatamente.

–          Quando corria nos finais de tarde, algumas vezes deixava de lado o happy hour com os amigos, um filme, algumas horas com a namorada ou com a familia. Depois passei a correr muito cedo, e com isto perco algum tempo de sono, além de restringir consideravelmente os programas sociais noturnos. Sempre há algo mais interessante para fazer, então sacrificar alguma(s) coisa(s) é inevitável;

Também na vida profissional é necessário fazer sacrificio de algum tipo para obter sucesso em determinado projeto. Ceder em algum ponto, ter que aceitar alterações no projeto inicial, lidar com o ritmo real das coisas, fazer adequações algumas vezes indesejadas, etc., são apenas alguns exemplos de situações nas quais o profissional precisa sacrificar algo para alcançar seus objetivos. Pense nos sacrifícios mas faça-os de forma consciente e equilibrada.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

×