Acredito que você já deve ter ouvido e até pensado que o mundo precisa de mais empatia. Dentro das organizações, essa habilidade é cada vez mais requisitada, mas nem sempre encontrada.
Um estudo realizado pela Gallup revela que 80% dos funcionários não considera suas empresas empáticas e 60% aceitaria receber um salário inferior se o empregador demonstrasse empatia.
Você já pensou que esse pode ser o caso da sua empresa?
Precisamos reconhecer a empatia como uma força de mudança. As organizações, ao desenvolverem a empatia em seus colaboradores, promovem um melhor alinhamento entre equipes, já que se sentem compreendidos, impactando na produtividade e nos resultados.
A especialista e pesquisadora, Tania Singuer, afirma que a empatia significa a capacidade de compartilhar os sentimentos dos outros, sejam positivos ou negativos. Por exemplo, sentir-se feliz ao ver alguém feliz ou até mesmo compartilhar a experiência de sofrimento quando sentimos empatia por alguém que sofre.
A empatia pode fazer as relações entre as áreas mais leve e colaborativa, justamente por saberem colocar-se um no lugar do outro. Quer ajudar a construir pontes dentro da sua empresa? Fique ligado nas dicas abaixo.
Vamos começar entendendo o que não é empatia
- Não é distrair puxando outro assunto.
- Não é psicologizar. Ou seja, ficar tentando interpretar com termos, buscando origens ou causas.
- Não é necessariamente concordar.
Já aconteceu com você?
Você já conheceu, no ambiente de trabalho, uma pessoa “do contra”? Que adora discordar e nunca admite estar errada? É difícil sequer iniciar um conversa: “Oi, fulan@, tudo bem?” “Não sei se está tudo tão bem assim não, com esse tanto de problema para resolver… Eu falei que não ia dar certo desde o começo”.
Talvez você não concorde com a postura dessa pessoa e não é necessário concordar. Mas sentir empatia, até mesmo por quem mais nos incomoda, é conseguir desligar nosso instinto de sobrevivência, que aciona uma sirene toda vez que alguém é desagradável conosco, para tentar focar no outro ao invés de em nós mesmos.
“O que será que está deixando essa pessoa tão amargurada?” O simples fato de parar, respirar e se fazer essa pergunta já é um grande exercício de empatia, capaz de mudar a forma como você vai reagir e, provavelmente, a forma como essa mesma pessoa vai te tratar futuramente.
Praticando empatia com pessoas difíceis
Ser empático com os desconhecidos ou pessoas mais difíceis é um grande esforço que demanda sensibilidade, inteligência emocional e persistência. Mas a boa notícia é que essa habilidade pode ser desenvolvida por meio de simples exercícios diários.
“Ao sentir empatia, é possível manter uma postura ponderada para trabalhar com pessoas difíceis”. Rich Fernandez, CEO do instituto de liderança Search Inside Yourself Leadership Institute.
Conexões genuínas e liderança
Autocracia, tecnicismo e hierarquização provavelmente não são as características de um líder influente. Pode até conseguir resultados, mas tende a não construir uma equipe satisfeita e engajada.
Os grandes líderes têm algo em comum: sabem reconhecer suas próprias fraquezas e, por isso, são mais compreensivos com aqueles ao seu redor.
Para tornar-se um líder empático, é necessário começar com um esforço consciente para se colocar no lugar de quem está em volta. Rasgue rótulos, deixe os achismos de lado e busque a individualidade e humanidade do outro. Criando uma conexão genuína, expandimos nossa capacidade de compreensão e até mesmo melhoramos a resolução de problemas.
Veja um exemplo:
Marcelo trabalha há oito anos na mesma empresa e, por conta de sua experiência, é promovido. Agora, ele tem o dever de orientar um novo colaborador, João. Acostumado a realizar seu antigo trabalho com agilidade e rapidez, Marcelo se irrita com as perguntas e interrupções constantes de João, tirando dúvidas sobre coisas que parecem óbvias.
Mas, por um momento, Marcelo se lembra de que, anos atrás, chegou na empresa sem saber nada e aprendeu tudo graças à boa vontade de outro colega. Essa percepção renova sua paciência e faz com que ele passe a dar mais atenção para ensinar o jovem e repetir uma atitude que lhe fez bem no passado.
Busque similaridades
Mesmo quando o “outro” parece muito diferente de nós, por seus valores ou sua postura, há sempre um fator que nos une. Considerando o ambiente organizacional, na menor das hipóteses, o denominador comum é o fato de ambos estarem na mesma empresa e, portanto, buscarem o mesmo objetivo final.
Nesse sentido, é pertinente promover momentos em grupo, demonstrando que todos os colaboradores caminham na mesma direção, mesmo sendo de áreas diferentes.
Divulgar os principais números da empresa, revelando como o trabalho individual contribui para o resultado final, é uma ação que ajuda as pessoas a se enxergarem como parte do mesmo time, criando maior conexão.
Deixando o julgamento
Muitas vezes julgamos o mundo de acordo com nossa perspectiva. E sem flexibilizar a visão, a gente não gera empatia. Para praticar a empatia interna, precisamos desligar o julgamento e exercer a curiosidade genuína, ver similaridades para então entender o que acontece com o outro.
Como exercício, ao final de um dia, deixe vir à tona os assuntos e situações que aconteceram, inclusive as conflituosas. Reflita se há uma emoção perturbadora e faça uma limpeza consciente. Mentalize as pessoas que cruzaram seu caminho, deseje que estejam bem, livres e tranquilas.
Trocando o círculo vicioso pelo círculo virtuoso
Perceba a leveza trazida por esse momento de reflexão. A mentalização consciente ajudará a deixar para trás níveis de estresse, aumentando sua qualidade de vida e melhorando, inclusive, o sono. Além de tudo, ajudará a quebrar aquele círculo vicioso marcado por penalizar alguém por um sofrimento e descontar em outras pessoas ou em si próprio.
Torne-se dono de uma mente diferenciada, aberta a conexões e que cria um círculo virtuoso.