Aprendizados da Coreia do Sul Rei Sejong

Por: Daniel Spinelli 

(Consultor de Desenvolvimento Humano da PS Treinamento Empresarial)

No meio de tantas viagens, trabalhos e reuniões acontecendo em diversas partes do Brasil e/ou do planeta, muitos profissionais têm a oportunidade de ampliar sua visão de mundo. Mas essa oportunidade só será aproveitada por aqueles que se permitirem um pouco de atenção aos possíveis aprendizados que podem ter com outra cultura.

Nas minhas ultimas viagens tenho buscado colocar em prática essa ideia: sair da própria “concha” de crenças para de fato aprender com o novo! Por exemplo, na minha viagem à Coreia do Sul no final de maio, coloquei o desafio de trazer pelo menos dois grandes aprendizados da cultura coreana na bagagem. No balanço final acabaram sendo mais aprendizados, mas compartilharei os dois principais em dois posts diferentes aqui no blog. Então vamos ao primeiro:

Eu estava impressionado com o nível de desenvolvimento e a educação do povo coreano. Eficiência, competitividade, qualidade de vida, sustentabilidade e desenvolvimento foram alguns dos temas que percebi de forma muito evidente nos dias que passei por lá. Comecei então a investigar a raiz desses fatores. Num dos eventos sociais que participei encontrando alguns líderes nacionais da normalização e do turismo, ainda na minha busca pelas razões do avanço coreano, fui presenteado com um livro sobre o Rei Sejong. O nome do livro é Rei Sejong O Grande – A Eterna Luz da Coreia.

Logo que iniciei a leitura desse livro percebi que se tratava de um bom achado para minha busca. O Rei Sejong reinou a Coreia por 32 anos no século XV deixando um legado de princípios e ações que fazem muitos coreanos identificarem a repercussão dessa liderança até hoje. Sim, O tema aqui é liderança. O que faz um líder ter os efeitos de sua atuação repercutida por séculos? Vou citar alguns dos grandes feitos do Rei Sejong citados no livro e deixar que você faça suas próprias interpretações:

Senso de Prioridade e Exemplo:

Ao ser abordado pelo líder do exército nacional para trocar os capacetes da guarda, o rei justificou que como a matéria prima não era nacional e como o propósito do exército é oferecer proteção, decoração não seria necessária. “Uma pintura a óleo será suficiente”.

Interesses coletivos acima dos individuais: 

“Aqueles que fazem leis não devem pensar em si mesmos, mas no bem popular primeiro. Quando as pessoas começarem a fazer leis (ou tomar decisões) pelo seu próprio benefício a corrupção se alastrará.”

Valores Morais:

“Leis e Regras devem ser fundamentadas na compaixão e na moral.”

Inclusão, Canais de Comunicação e Educação:

Considerado como o maior feito do Rei Sejong, a criação do alfabeto Hangul facilitou o processo de alfabetização através da simplificação do idioma escrito. O alfabeto Hangul relaciona os sinais gráficos com os movimentos da boca ao pronunciar as consoantes e tem  regras simples e fáceis de entender para o encaixe com as vogais. A intenção do líder coreano era que as pessoas pudessem se comunicar por cartas e livros e que todos tivessem acesso ao conhecimento. É considerado o único alfabeto, dos cerca de 100 que existem no mundo, que foi criado por um indivíduo com registros da sua apresentação e das razões de sua criação (fins filosóficos e científicos).

Conhecimento Sistemático e Colaborativo:

O Rei Sejong criou um sistema de forças-tarefa responsável por estudar e registrar as soluções e boas práticas de cada região para que as mesmas fossem compartilhadas com as demais regiões. Isso se deu em vários assuntos e é considerado como um dos grandes motivos pelo qual a Coreia foi responsável por 47% de todos os grandes avanços científicos do século XV.

Eu poderia escrever páginas sobre os pensamentos e legados do Rei Sejong, mas o que fica marcado para mim é que tudo isso foi realizado nos anos 1400 e que ainda hoje uma boa parte desses aprendizados ainda não é praticada por muitos países, organizações e profissionais. Talvez por falta de um líder iluminado, que seja capaz de perceber o que há acima do seu próprio ego, de agir com mais consciência, de liderar com base em valores e exemplos e de enxergar além do seu tempo.

Desejo que a luz do Rei Sejong ilumine também o seu estilo de liderança.

 

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